domingo, 17 de janeiro de 2021

VOYAGE 1985 S MOTOR MD270 1.6

O VOYAGE 1985 S entrou na minha vida meio que sem querer, eu estava procurando um Passat Village, igual ao que foi do meu pai, queria reformar e dar a ele de presente, aquele com 4 faróis quadrados na dianteira, acredito que esse Passat era ano 1983, não tenho certeza, mas o carro deixou saudade. A verdade é que o Passat do meu pai sempre entrava como "emergência" quando meu Escort XR3 dava problema, e não eram raras as vezes... como assim?

O carro do meu pai só tinha um problema, combustível, nunca tinha, toda hora o carro "estragava", ficava em algum lugar na rua por pane seca, o velho achava que combustível a gente só coloca uma vez na vida. Pois é... mas eu usava o carro dele quando o meu quebrava, e o meu XR3 quebrava toda hora, então o Passatão fez história com a gente.

Um dia conversando com um colega, esse me indicou esse Voyage atual pensando ser um Passat, ele confundiu os carros, tudo bem,  na maior boa vontade fui lá ver o carro, estava abandonado, os bancos um lixo, mofo, torto, caixa de ar com um rombo... mas eu gostei, achei que tinha potencial, o preço estava acessível. Levando em consideração que não era um Passat, era um Voyage e eu gastaria para "levantá-lo" novamente, decidi arriscar e comprei, achei simpática aquela cor bege Ipanema. Em casa a desculpa era comprar um carro para ir na roça, mas queria é fazer um agrado pro velho, e fui na fé... de primeira, com poucos dias o motor ferveu, claro! Aquele sistema de arrefecimento original “é” péssimo, por isso que  projeto do Fusca voava alto, os carros com arrefecimento a água tinham um projeto péssimo, um erro dantesco no sistema do reservatório de expansão, em que a água deixava o radiador quando a pressão ficava acima de 1.5 bar, mas essa mesma água jamais retornava ao radiador, além da ferrugem impregnada no sistema e por dentro das mangueiras. Naquela época ainda não existia a cultura do aditivo no radiador, não tínhamos instrução a respeito das coisas, hoje eu sei como é, e eu sabia que esse carro deixaria na mão, e acertei, era previsível que ia dar merda, mas estava decidido a ajeitar o carango e comecei por  fazer o motor. Retificou tudo, a parte de baixo estava na 1º retífica, a parte de cima, nas últimas... sinal da falência do projeto de arrefecimento desse carro, que comentei acima.

Na parte do cabeçote eu abri 3x, nenhum mecânico submeteu o cabeçote a teste de trinca, me deu muito prejuízo não observar isso. Não busquei mecânico por conta de preço, só para ressaltar. Depois de muito quebrar a cabeça, decidi substituir o cabeçote, consegui um standard, e só depois que substituí o cabeçote que normalizou o funcionamento, está perfeito (atualizado em 10/03/2023).

Troquei também a transmissão, agora com 5 marchas. Coloquei uma caixa da Parati 2003, também coloquei barra anti-torção inferior com suporte para a caixa de marcha. Coloquei a barra inferior porque ela possui suporte para a caixa com 5 marchas, originalmente a estrutura desse carro é para 4 marchas, não tem o suporte para a caixa com 5 marchas, a transmissão de 4 marchas é perceptivelmente menor, também aproveitei e troquei os bancos, os originais estavam péssimos, mofados, estava feia a coisa, grudento, joguei fora e coloquei os Recaro da Parati Track Field. Não está no couro animal, uso o sintético, mas foi o que o dinheiro deu. As rodas taludas que estavam nele eu vendi, eram MOMO tala 7, coloquei as BBS 14 originais e 4 pneus 185/60-14 novos, a pintura do carro foi feita, em alguns pontos ficou uma bosta, vou ter que mexer outra vez, não agora, mas essa parte não teve fim ainda,... 

Ah, nunca coloquei esse carro na roça, mesmo agora que ele está pronto e estou usufruindo. Fato é que venho fazendo inúmeros testes nesse carro todos os dias, e a impressão que tenho, real mesmo, que fica de fato é que eu errei quando escolhi a Parati, porque algumas coisas não dão certo com a Parati, infelizmente, e tudo dá certo nesse Voyage, TUDO!

O carburador é o mini progressivo, está em estado de zero, e foi passado o segundo estágio para mecânico, muito melhor que a vácuo que quase me fez bater algumas vezes. Aquela bosta de vácuo agarra o segundo estágio aberto, esse motor cresce velocidade muito rápido e o carro é muito leve, receita pra dar merda... mas, a alteração de vácuo para mecânico ficou perfeita, o funcionamento e manejo ficou 100% na mão, total confiança

Na primeira vez que abri motor foi feito tudo, pistões trocados, bielas embuchadas, bloco retificado, inclusive o cabeçote foi feito (fui enganado 2x naquela retífica) As válvulas novas, substituídas e o cabeçote antigo estava taxado. O cabeçote é original do motor md270, cabeçote com entrada de água na frente

O pulo do gato desse cabeçote para quem está lendo essa postagem meio que anacrônica pelo no do carro está no tamanho dessas válvulas. 

Como assim?

Se você medir as válvulas de um cabeçote AP pastilhado em comparação com o cabeçote do md270, vai perceber que as válvulas do AP são 6 mm maiores que as válvulas do md270, o que influencia diretamente no consumo, e acredite, esse conjunto md270 te entrega no álcool mais de 8 km por litro dentro da cidade, e se morar em local plano, te entrega até mais de 10 km litro fácil, e na estrada a média gira em torno de 13,5/14 km/litro, estamos falando em álcool, em um veículo com quase 40 anos, não é um veículo a gasolina, eu nem saberia dizer a média na gasolina. Por outro lado, se escolher colocar um cabeçote AP no seu md270, vai funcionar, mas se prepara para cair o consumo para 3 km/litro, experiência empírica de amigos que fizeram isso e se deram mal. Não faça isso! 

Jamais coloque cabeçote AP no motor MD270.

É comum ver essa adaptação, MD embaixo e AP em cima, e isso é culpa do projeto porco que era utilizado nesses carros na década de 1980. O sistema de arrefecimento do Passat, Voyage, Parati anteriores a 1988 era péssimo, comentei acima, o que também seria facilmente corrigido passando todo o sistema de mangueiras e reservatório para o utilizado no modelo AP, exatamente como eu fiz, e depois de feita a modificação, você pode até anular esse reservatório de expansão original, ele não vai ter utilidade.

Para quem (como eu) nasceu no século passado e vivenciou o desenvolvimento do MD270 e do AP, esse MD270 é o motor "bielinha", que significa biela menor e girabrequim maior, e girabrequim maior significa mais torque em baixa rotação (mais economia na cidade). Ficaria a zona de torque desse conjunto em 2600 rpm. Agora entende o comercial de TV chamando o motor desses carros de "motor torque"?  Trafegar na cidade é muito confortável, e com a 5º marcha ficou suave na estrada, pois a 100/105 o carro não vibra. Dá pra fazer seu rolé na boa.

Me arrisco dizer que teríamos esses carros rodando novos até hoje se em outras circunstâncias tivessem utilizado o modelo de arrefecimento do AP nesses conjuntos, e digo isso porque no caso desse Voyage, a parte de baixo era standart, enquanto o cabeçote estava nas últimas...

Você não tem ideia o que é ter um motor torcudo em baixa rotação numa cidade lotada de morro como é Juiz de Fora, e tudo isso significa essa economia que comentei, e muito conforto ao dirigir, porque o motor dá conta da demanda sem ficar trocando de marcha. Na estrada a 100 km/h é um veículo seguro, estável, não aborrece. A caixa (transmissão) ficou uma delícia na estrada. Dentro da zona de torque ele trafega a 100 km/h, quer coisa melhor do que isso?  

Sobe e desce as serras de 5º  marcha, não pede 4º, cai o ritmo só um pouquinho, não abro o segundo estágio atoa, deixo desenvolver só no primeiro e o segundo em retomadas urgentes.

Um detalhe interessante sobre esse Voyage 1985 s é que com certeza ele tem menos lata que os quadrados mais novos, creio que de 1987 em diante. É muito comum a gente ver esses carros com o túnel trincado ou rachado, é um kinder ovo a lata desse veículo, o mesmo se repete nos veículos da Autolatina, uma presepada que por um período uniu a WV à Ford...  Ser mais leve ajuda na economia, mas não ajuda na resistência estrutural. A Parati que possuo é 1989 modelo cl, é perceptivelmente mais pesada, mais rígida, tem mais lata, o chassi é sensivelmente mais duro, em comparação lembra um pouco a dureza do chassi do Santana, salvo as devidas proporções, mas é fato que a Parati também bebe mais por ser mais pesada. Quisera eu ter conhecido o Voyage antes, teria ficado quietinho com ele e nunca teria problema com economia. Eu tive vários Ford Escort's, L, LX, XR3, sofria com consumo elevado (4,5 km/l), manutenção alta, cara, componentes absurdamente caros - a suspensão do Escort é um horror, e quando cheguei na Parati, ela atendia uma demanda específica do meu comércio, ao passo que a manutenção sempre contou com peças de reposição numa faixa de preço mais acessível. Até brinco de por que não ter conhecido o Voyage antes, mas na época eu precisava de uma perua, então a Parati entra com gosto na família, mas confesso, sempre fui frustrado com a questão do consumo com a Parati, que mesmo com tudo em dia, tudo padrão, ela nunca deu 7 na estrada, sempre consumiu muito na cidade, cerca de 4,5 km/l no álcool, igual ao Escort, e também aborrecia demais no inverno. Depois de alguns anos passando raiva, fiz o motor e passei para gasolina, e foi a melhor coisa que fiz, porque no álcool aquele motor AP era uma verdadeira merda. Quando digo merda, é porque moro numa cidade que você acaba rodando pouco, e o pouco que você roda não é suficiente para esquentar o veículo e aproveitar ele quente, então você nunca aproveita o máximo do conjunto, mas na gasolina ficou um espetáculo. Pega de primeira, funciona de primeira, ali na esquina já está na temperatura certa de trabalho e gera quase nada de borra, além disso, passados uns dois anos qe fiz o motor, injetei a Parati com TUDO original Mi, de uma Parati doadora do ano de 1997, o funcionamento ficou espetacular, é outro carro, 10 cv a mais só por ter colocado injeção (dinamômetro), mas não deu a economia que eu esperava, deu exatamente a mesma média que dava com o carburador na gasolina, salvo o funcionamento, que dá de 1000 a 0.

Voltando ao Voyage:

Média com as rodas que tirei da Parati 195/50-15 

cidade 5,8

estrada 9,8

Média com as rodas originais WV BBS 185/65-14

cidade 8,12

estrada 12

Média com as rodas originais de ferro 175/70-13

Fazendo a média ainda (13/04/2021)

Cidade 9 - estrada 14

Hoje: Uso BBS original do GTi, pneus 185/60-14  novos.

Sincera opinião:

O motor AP roda muito liso, não tenho o que reclamar, é top na estrada, reclamo do consumo, e o 1.6 é muito travado, já o motor MD270 1.6 é muito bom de rodar no urbano, rende mais que o AP, mais torque, principalmente se colocar uns 2 graus adiantado na polia ajustável no comando de válvulas, fica realmente diferente, nem parece que estamos falando de motores tão semelhantes. Experimente 2 graus em qualquer dos dois, no comando, depois me conta, fica um catiço (ambos). O md270, antecessor do AP anda muito bem no perímetro urbano, é infinitamente melhor do que o AP na cidade. Não sei, mas acho que os taxistas da época deviam deitar o cabelo. Inclusive, teve versão quatro portas, nos mais antigos e nos mais novos até 1994, e me recordo como se fosse hoje porque cheguei a comprar um. A Volkswagen estava pensando justamente em atender essa demanda dos taxistas, mas não pensou que, ao fazer um carro mais leve, este não apresentariam degradação precoce da suspensão; parece piada mas é comum ver esses veículos trocando amortecedor pela primeira vez agora, em pleno 2021... mas com quase 40 anos de uso?  Pois é, troquei os amortecedores do Voyage por prevenção, porque estavam (os dianteiros) ótimos, os traseiros estavam travados por falta de uso. Esse carro ficou 18 anos parado... acredite, isso não é bom, porque quando você coloca para funcionar "mesmo", fode tudo quanto é borracha e mangueira, e correia dentada não é diferente.

Resumindo a história do Voyage gl 1.8 4 portas 1994 que comprei, foi na cidade de Curvelo MG, numa concessionária VW local, que anunciou a última unidade da loja, se não me engano, por R$8.900 reais, que na época era o preço de um carro zero, e estava barato, porque na minha cidade natal o mesmo carro estava 11 mil, levando em consideração que hoje o dinheiro vale 6x menos.

Comprei, era lindo!

Eu trabalhava num GM Vectra, era do ano, eu atendia a região do Norte de Minas, daí vi esse carro num anúncio na frente da concessionária, estava lá o Voyajão naquelas estruturas que deixam o carro mais alto que o chão, estava lindo, com uma placa na frente da concessionária escrito: "últimas unidades", e decidido, no outro dia fui buscar esse carro. Estreei ele no serviço (representação), naquele dia, fui de ônibus de Juiz de Fora até lá para voltar trabalhando nele, mas a alegria durou pouco, depois de meio dia de trabalho, chegando em casa o motor simplesmente travou, foi um defeito no cabeçote, estranho que estava tudo aparentemente certo,  tinha óleo, bomba funcionando, tudo perfeito... na manhã do dia seguinte coloquei o carro no guincho e levei para a concessionária da cidade que comprei, e que me atendeu de pronto substituindo o motor na minha frente. O carro nem tinha placa. Fui de guincho de minha cidade até Curvelo e voltei dirigindo, com o carro funcionando normalmente, mas quando cheguei em casa, tive uma proposta de 12 mil no carro na porta de casa, e deixei ir embora, pois a experiência inicial com ele foi péssima, por isso nunca mais olhei com bons olhos novamente o Voyage. Outra coisa é que tive um razoável lucro, tendo em vista que de 9 para 12 a diferença é 3, mas se colocar na ponta do lápis hoje, dá quase 18 mil. De certa forma, foi lucro.

Confesso que comprei esse antigo e estou com ele hoje, porque os mais antigos não parecem em nada com os mais novos, de 88 em diante, e confesso que só fui lembrar desse caso do meu Voyage 1994, escrevendo esse caso, e porque lembrei de Voyage 4 portas 1994... Voyage até 1985 é um carro, de 1988 em diante é outro, completamente diferente... desse ponto até conhecer a Parati 89 fiquei na Ford... sofrência, mas isso é outra história.

Posta sua experiência ai, divide com a gente.


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